segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Capítulo 4 - Aforismo 145 - O que é perfeito não teria vindo a ser



Aquilo que constituía a essência de uma obra de arte, seu ser, não é estabelecido repentina e instantaneamente.
No caso da música, por exemplo, muitos compositores levam anos para compor de devido modo. Assim são as obras de arte para Nietzsche, que são compostas por um acúmulo, um processo, e não por uma mágica ou um deus que faz brotar a perfeição do chão.“Diante de tudo o que é perfeito, estamos acostumados a omitir a questão do vir a ser...”
Nietzsche defende a tese de Heráclito, que é colocada também em Ecce Homo, da questão do vir-a-ser, do mundo em permanente movimento. Antes, na metafísica de artista, o artista, como no caso do músico, penetra em uma esfera que pré-existe e faz sua composição. Aqui é abandonada a metafísica.

“Está fora de dúvida que a ciência da arte deve se opor firmemente a essa ilusão e apontar as falsas conclusões e maus costumes do intelecto, que os fazem cair nas malhas do artista.”
Podemos observar aqui que não há a ciência contra a arte, mas a “ciência da arte”, não há um contraposto entre as duas. E, mesmo Nietzsche estando mais próximo da ciência, não abandona a arte. Aqui, na expressão “maus costumes do intelecto”, pode ser visto como o intelecto que vive com determinados conceitos deixa de apreender muitos aspectos da realidade.

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