sábado, 8 de outubro de 2011

Aforismo 133

Neste aforismo Nietzsche aborda criticamente os juizos humanos, as obras perfeitas da imaginação do homem. Critica Schopenhauer, o qual acreditava que a ação altruista é uma auto-fruição, e Nietzsche não acredita na existência de ações altruistas."Jamais um homem fez algo apenas para outros e sem qualquer motivo pessoal; e como poderia mesmo fazer algo que fosse sem referência a ele, ou seja, sem uma necessidade interna (que sempre teria seu fundamento numa necessidade pessoal)? Como poderia o ego agir sem ego?"

Lichtenberg e La Rochefoucauld são citados, Lichtenberg diz que sente pelo outro e que coloca-se no lugar do outro, e La Rochefoucauld diz ser por amor a nós mesmos; e para Nietzsche isso é altruismo.
"Se um homem desejasse ser todo amor como aquele Deus, fazer e querer tudo para os outros e nada para si, tal já seria impossível porque ele teria de fazer muitíssimo para si mesmo, a fim de poder fazer algo pelos outros. Depois pressupõe que o outro seja egoista o bastante para sempre aceitar este sacrifício..."Nietzsche defende a ideia de que para haver o altruista, necessariamente precisa-se de um egoista, e se todos fossem altruistas não existiria compaixão.
"...a ideia de um deus inquieta e humilha, enquanto nele se crê, mas no estágio atual da ciência etnológica, não há mais dúvida quanto a sua gênese..."
Coloca-se Deus no superior para ter poder no ser humano, Ele faz o que é bom, e o cristianismo precisa disso, o homem é o pecador e o rebaixado. Podemos pegar como semelhante o exemplo de Dom Quixote, que salva gigantes e donzelas; Servantes coloca contraposições com a baixeza do século XVII, há um distanciamento do real e do imaginário.

"Acabando a ideia de Deus, acaba também o sentimento do 'pecado'..."Aqui "pecado" no sentido irônico. Nietzsche teve experiência de sentir-se culpado pelo pecado, ele não aborda de algo que seja distante a ele.
No final é visto que se tudo é necessário (todas as ações), então o homem é um completo irresponsável.

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