Igor Morski - Enpundit |
Nietzsche inicia o aforismo
traçando considerações sobre o desenvolvimento orgânico da consciência e, ao
fazê-lo, a entende como último elemento desenvolvido no homem; não para
apresentá-la como ápice e ponto culminante da evolução, como faria uma
interpretação darwinista, mas apontando justamente para seu caráter inacabado e
“menos forte”. Com efeito, essa consciência inacabada leva a erros que podem
conduzir a humanidade à destruição, o que somente não ocorreu em virtude do
“vínculo dos instintos”.
Como a consciência não está matura,
ela é um perigo para o organismo de modo que a tirania sobre ela possui um
aspecto positivo: o homem não procurou mais por ela e, de alguma forma,
estagnou o seu possível desenvolvimento acelerado. O curioso é que foi
justamente essa tirania – má compreensão e orgulho do homem com relação à
consciência, tomando-a por grandeza dada, por faculdade acabada e crendo nela
repousar a essência do organismo – que desacelerou os seus erros, permitindo a,
ainda embrionária: “tarefa de incorporar
o saber e torná-lo instintivo”.