O evento ocorreu no dia 21/09/2016 na
Universidade Federal de Pelotas, com a participação do Professor Dr. Clademir
Araldi e do Professor Dr. Luis Rubira. Seguem imagens:
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Além do Bem e do Mal – Capítulo: Povos e Pátrias. Aforismo 255: Sobre a Música.
Pintura de Richard Wagner (artista não identificado).
Sabemos
bem a importância da música no pensamento nietzschiano. É a música a mais bela
das experiências estéticas, é ela capaz de exprimir da sociedade as mais diversas
informações de sua cultura. A música
representa, portanto, elementos morais que caracterizam seu povo. Para o
filósofo, seria a música transcendente das barreiras de espaço e de tempo,
chegando aos ouvidos de todos, até mesmo daqueles que não querem ouvir. Por
isso, parece correto afirmar que, ao querer modificar a cultura – como pretendia
Nietzsche na elaboração de sua Filosofia – deve-se primeiro se atentar e modificar
a sua música. Parece-nos clara essa afirmação quando levamos em conta que em
seu projeto de crítica da moral e dos valores cristãos, o autor buscou na
figura de Wagner um auxilio para elevar a comunidade europeia, recuperando
antigos valores fortes dignos da tragédia grega.
Eu poderia
imaginar uma música em que a rara magia seria nada mais saber de bem e mal,
sobre a qual talvez alguma saudade marinheira, sobras douradas e suaves
fraquezas apenas passassem vez por outra: uma arte que de longe percebesse,
fugindo em sua direção, as cores de um mundo moral declinante, já quase
incompreensível, e fosse hospitaleira e profunda o bastante para acolher esses
refugiados tardios. – (NIETZSCHE, 1992, p. 165).
A
passagem anterior é suficiente em demonstrar a ligação entre fundamentação e
crítica da moral e da estética no pensamento nietzschiano. E como bem pretende
o autor, devemos “ruminar” sob o seu texto. Concluímos ainda com uma
provocação: Sendo a música o ponto de partida para a análise e crítica de uma
determinada sociedade, uma questão contemporânea sob as lentes nietzschianas
precisa ser considerada. Como será que Nietzsche descreveria o Brasil do século
XXI? Convido aos leitores do blog a divagarem acerca disso nos comentários
dessa publicação.
Beatrís Seus
Referências:
NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e
do Mal: Prelúdio a uma Filosofia do Futuro. Tradução,
Notas e Posfácio de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Além do Bem e do Mal – Capítulo: Povos e Pátrias. Aforismos 250 e 251.
(Pintura "Disscusing Talmud" de Boris Dubrov; artista russo e israelita).
Beatrís Seus
Depois da segunda guerra
mundial, muito se especulou acerca da opinião de Nietzsche à cultura judaica.
Nestes dois aforismos em específico, temos a oportunidade de contemplar tanto
suas críticas, quanto seus elogios a este povo. Sabemos que neste capítulo de
sua obra, Nietzsche busca observar de forma crítica o seu próprio povo, ou
seja, o povo alemão. O filósofo busca através de outros exemplos culturais
pontuar o que mais seria apropriado e inapropriado de adotar para sua própria
pátria. Pensando nisso, iremos, portanto, ler com cuidado os trechos em
questão. O aforismo 250 introduz de maneira geral o que será trabalhado a
seguir. É no aforismo 251 que um leitor razoavelmente imerso no contexto
nietzschiano, consegue compreender ponto a ponto do que está sendo lançado ao
texto. Para Nietzsche, o povo alemão teria demonstrado “pequenos acessos de
imbecilização” na medida em que escolhe um determinado povo para sentir
repudia. Ao contrário do que observa na sociedade, Nietzsche pretende utilizar
o exemplo de outros povos e pátrias como móbil positivo para a melhora de seu
próprio país. É um erro afirmar que as críticas desenvolvidas pelo autor (pelo
menos nesta obra) tenham um caráter pessoal, como o criticado acima.
Sobre os judeus:
ouçam-me. – Ainda não encontrei um alemão que tivesse afeição pelos judeus; e
embora todos os homens cautelosos e políticos rejeitem de modo absoluto a
autêntica anti-semitice, mesmo essa cautela e essa política não se dirigem
contra o próprio gênero do sentimento, mas tão-somente contra a sua perigosa
imoderação, em especial contra a manifestação disparatada e vergonhosa desse
sentimento imoderado – quanto a isso não haja ilusões. (NIETZSCHE, 1992, p.
158).
Torna-se claro para nós
leitores de Nietzsche, que o filósofo despreza esse tipo de preconceito
superficial para/com outras culturas. Uma análise crítica construtiva é sim
possível onde os indivíduos presentes na discussão estejam livres de opiniões
senso comum, fundamentando seus julgamentos num plano de fundo suficiente. Mais
a frente no mesmo aforismo, Nietzsche afirmará que pelo contrário do que se
propagou na Alemanha de seu tempo, que os judeus seriam a raça mais forte, pura
e tenaz a viver na Europa. Concluímos após a leitura do final do trecho
selecionado, que para o autor, os judeus seriam um exemplo de superação. A raça
judia é considerada por ele, uma raça capaz de evoluir buscando adaptação nos
mais variados tipos de contextos. E indo contra a ideia perpetuada pela
Alemanha nazista, Nietzsche na verdade dirá que não só o povo Alemão, mas toda
Europa, deveriam aprender observando a força da cultura judaica. Esse povo
poderia para Nietzsche, contribuir com seus elementos mais fortes, para o
cultivo de uma nova casta que governasse a Europa livres de características consideradas
fracas.
Concluímos dessa forma,
que o filósofo já observava uma atitude antissemita na sua pátria, e sem
imaginar que seria tão mal interpretado alguns anos após a sua morte, Nietzsche
finaliza o aforismo 251 sem focar nos pontos negativos da cultura judaica. São
seus elementos mais fortes capazes de transformá-los em uma raça dominadora, na
perspectiva nietzschiana.
Beatrís Seus
Referências:
NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma
Filosofia do Futuro. Tradução, Notas e Posfácio de Paulo César de Souza. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Apresentação e Lançamento do Dicionário Nietzsche
Prezados, é com imensa satisfação que convidamos a todos para a
apresentação e lançamento do dicionário Nietzsche do Grupo de Estudos Nietzsche
(GEN). Seguem as informações:
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