sábado, 10 de agosto de 2013
V Encontros Nietzsche - UFPel
Entre os dias 19 e 24 de agosto ocorrerá o V Encontros Nietzsche - UFPel.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Aviso
Informamos que, em função da preparação e realização do Encontros Nietzsche, o Grupo de Estudos Nietzsche - UFPel entra em recesso até o dia 30/08 (a reunião do dia 09/08 está cancelada). A retomada do estudo da obra A Gaia Ciência se dará com a discussão dos aforismos 107 e 109, a ser conduzida por Clademir Araldi.
Relato da reunião do dia 26/07/2013 sobre A Gaia Ciência §80 e §82
Autorretrato com a orelha cortada - Vincent Van Gogh (1889) |
Na reunião do dia 26 de
julho de 2013, foram lidos e debatidos os aforismos §76 e §77 de A gaia ciência (1882). Num primeiro
momento, foi discutido o aforismo §76, “O perigo maior”, tendo sido entendido
que para Nietzsche existe um grupo de homens que não consegue viver com
fantasias, tendo uma necessidade de engessar o mundo. Foi a disciplina da mente
desses homens, entendida enquanto racionalidade, que garantiu a preservação da
humanidade. Por outro lado, haveriam os loucos, aqueles capazes da irrupção de
loucura entendida como “irrupção do capricho no sentir, ver e ouvir, o gosto na
indisciplina da mente, a alegria no ‘mau senso’”. Com isso foi discutido,
durante a reunião, que o louco seria aquele portador da capacidade de mudança.
Isto porque a loucura só é entendida enquanto tal pois é exceção, já que, se
todos fossem loucos, a loucura seria a razão.
Assim, entendeu-se que no pensamento de Nietzsche o que
está em jogo para os homens que entendem ser a sua racionalidade o motivo de
seu orgulho não é a verdade ou a certeza acerca de uma crença, mas sim
submeter-se à lei da concordância, ou
seja, o disciplinar de sua mente. De tal maneira, haveria o erro de dar sentido
ao que não tem sentido, e a submissão a tal crença. No entanto, o filósofo
compreende que justamente essa disciplina da mente foi a responsável pela
conservação da humanidade.
Quanto ao contexto de onde surgiriam esses loucos,
observou-se que justamente os investigadores da verdade são os que
primeiramente se cansam do ritmo lento dessa investigação, assim como artistas
e poetas, pois são espíritos impacientes. Foi ressaltado que Nietzsche está
utilizando termos que fazem referência à arte, como “metrônomos”, “ritmo”,
“dança”. Também foi discutido que o erro conservou a humanidade, e que os loucos também
são necessários para a economia da conservação, contanto que haja um controle
sobre estes, pois são uma exceção que não pode tornar-se regra. Por fim,
apontou-se o tom descritivo do aforismo, sem muitas prescrições,
evidenciando-se que Nietzsche parece interessado em explicitar o papel que o
louco tem, bem como seu perigo, não o vendo apenas como um indivíduo à parte da
sociedade.
Em seguida, com a leitura do aforismo §77, O animal com boa consciência, debateu-se que o Sul da Europa estaria mais marcado pela relação com o Império
Romano, enquanto que o Norte com os bárbaros, sendo ressaltado que para
Nietzsche a ideia de refinamento está relacionada com o mundo greco-romano, por
isso havendo esta valorização do Sul como não possuindo problemas com a
vulgaridade, posto que “o que aí é vulgar se apresenta com a certeza e
segurança de si de qualquer coisa nobre”. Por outro lado, no Norte
encontraríamos um rigor de costumes, havendo assim uma vergonha do artista que
se rebaixa.
Foi também debatido o significado do uso da imagem de
máscaras no aforismo. Seria no mesmo
sentido da caracterização dos gregos como “superficiais por profundidade”, ou
seja, como uma forma de encobrir a profundidade? Ou seria no sentido de o artista
utilizar-se da máscara como forma de alcançar a universalidade? Assim, a máscara seria associada à “regra”, e a “loucura” estaria relacionada às vanguardas. Com isso,
entendeu-se que um gosto mais refinado não se utilizaria do artifício da
máscara.
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