Reunião do dia 01 de Junho de 2012
Aforismo 263 - A contradição em corpo e alma.
“No
assim chamado gênio há uma contradição fisiológica: ele tem, por um lado, muito
movimento selvagem, desordenado e involuntário, e, por outro, muita finalidade
superior nesse movimento.”
Nesse
aforismo Nietzsche trabalha o aspecto fisiológico da criação do gênio,
mostrando o lado perturbador e por vezes brutal que abraça todo o processo
criador. Exemplificando o que o aforismo diz basta recordar o grande pintor
pós-impressionista, Van
Gogh (1853/190), que em meio a uma crise psíquica se auto mutilou e um
ano depois cometeu suicídio. Indo pelo mesmo viés o filósofo trabalha as
oscilações emocionais que o artista sofre no decorrer de sua produção, citando
também as necessidades de auto superação (que seria, no caso, o “ir além”) e de
trazer algo que seja original.
Quando
Nietzsche levanta essa questão ele o fez com autoridade, uma vez que vivenciou
tais movimentos emocionais. Basta recordar, em Humano, demasiado
humano, nosso filósofo passava por um momento crítico, já em Aurora ele
parece tomar fôlego e buscar, como já foi dito anteriormente em nosso blog,
novos horizontes, novos pensamentos.
Aforismo 272 - A purificação da raça.
“Raças cruzadas são sempre, ao mesmo tempo, culturas
cruzadas, moralidades cruzadas: geralmente mais malvadas, mais cruéis, mais
inquietas.”
A questão da pureza da raça é muito anterior a
Nietzsche, até mesmo Lutero trata deste tema, aqui ele está no fluxo dessa
discussão, o que ele trabalha com esse aforismo é exatamente o que poderia vir
a brotar desse cruzamento de raças. Um bom leitor de Nietzsche sabe que ele de
forma alguma se posicione contra os judeus, isso fica claro no decorrer de suas
obras.
Indicações de leitura:
Como sabemos Nietzsche tem uma leitura por deveras mal compreendida,
devido ao tema desse aforismo e as más interpretações que lhes são atribuídas
ofereço como indicação de leitura do livro “Nietzsche, o filósofo da suspeita”
de Scarlett Marton.
Para
que vislumbrem o que será exposto no livro de Scarlett Marton ofereço também uma
resenha do Prof. Dr. André Martins. Revista Trágica: Estudos sobre Nietzsche –
2º semestre de 2010 – Vol. 3 – nº 2 – pp.148-151.